Voltei a pensar. Já tinha até perdido a prática. Coloquei a culpa na ausência da pena certa, depois na tinta vencida, depois na falta de hábito de tê-la à mão. Em momento algum fui honesto. Não me faltavam os meios, mas sim o motivo. Não pensava e, assim, não havia o que escrever.
Contemplava, sem nenhum fim ou necessidade. Mais ou menos como um leigo, eu, por exemplo, faz diante de uma obra de arte. Reconhece-lhe a magnitude, e é isso.
Mas recordar e discutir faz ter vontade de comprar, ter para si. E o problema que se impõe é seu preço, tanto aquele da etiqueta quanto o de sua manutenção. Nada que seja bonito é isento de custos.
Preciso encontrar o Marchand, convencê-lo a vender-me, fixar o preço. Feito isso, vem a transformação do lugar para colocá-la, o seguro, a limpeza especializada.
Parece tudo difícil de mais, só para possuir o efêmero. Talvez a grande divergência esteja nessa exata frase. Possuir só se possui o efêmero: o mármore, a tela, a tinta. A Obra, essa, em maiúsculo, não se tem. Vive-se-a.
Então, onde entra o pensamento?
Contemplava, sem nenhum fim ou necessidade. Mais ou menos como um leigo, eu, por exemplo, faz diante de uma obra de arte. Reconhece-lhe a magnitude, e é isso.
Mas recordar e discutir faz ter vontade de comprar, ter para si. E o problema que se impõe é seu preço, tanto aquele da etiqueta quanto o de sua manutenção. Nada que seja bonito é isento de custos.
Preciso encontrar o Marchand, convencê-lo a vender-me, fixar o preço. Feito isso, vem a transformação do lugar para colocá-la, o seguro, a limpeza especializada.
Parece tudo difícil de mais, só para possuir o efêmero. Talvez a grande divergência esteja nessa exata frase. Possuir só se possui o efêmero: o mármore, a tela, a tinta. A Obra, essa, em maiúsculo, não se tem. Vive-se-a.
Então, onde entra o pensamento?
Copyright © 2009 Lawrence Wengerkiewicz Bordignon
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Um comentário:
O pensamento não "entra", vive-se o pensar. É efêmero ou perene, depende da importância dada por quem pensa. É etéreo, mas pode virar realidade, depende de sua força. Mas dói. Consome. Liberta e aprisiona, pois quem raciocina não consegue viver como os outros, ser feliz com tanta injustiça... às vezes até tenta, mas não consegue se alienar; e sofre. É prisioneiro de sua lógica acutíssima e de seu humor negro. Muitas vezes é um pessimista ao ver dos outros; verdadeiramente, apenas enxerga as coisas de maneira mais clara, vê a verdade "nua e crua" (eu sei, isso é cliché...) e não se ilude. Racionaliza, sempre. Questiona. Insatisfaz-se...
No entanto, esse sofrer tem de, no fim, valer à pena... as sementes do pensador hão de um dia florecer.
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