Vivemos numa época de resenhas, não de filosofias. O conteúdo do que se diz tornou-se menos importante que sua contextualização. Isso faz do verdadeiro autor não aquele que busca pela correta aplicação da estrutura sintática ao tema pretendido, mas sim aquele esmiúça e delimita sua obra. Mesmo o garimpo morfológico do léxico, necessário às insurgências pretéritas, perdeu seu lugar para os remoques diretos. Talvez a falta do medo tenha causado tal apatia lingüística. E depois se diz que a censura foi no todo inútil!
Ora, o vernáculo não é um fim, é um meio, embora completo em si mesmo. Um meio porque dá vida à idéia. Completo pois, por sua própria natureza, deve prescindir de explicações.
A modernidade, no entanto, acelerou o ritmo cardíaco, em detrimento de outros. Morre-se mais de infarto ao mesmo tempo em que se deixou de pensar. Não se faz mais refeições demoradas, que foram substituídas por idéias prontas para se deglutir.
Assim, rendo-me, ao mesmo tempo em que me desculpo pela pilhéria. Sou, conceitualmente, contra qualquer tipo de imposição e, portanto, declino da capacidade de usar o puro vernáculo, e explico-me.
Sempre em prol da objetividade, ainda que indireta, sou praticamente um médium, encarno os santos e vivo seus milagres. Usar uma pessoa diversa daquela que incorpora o ego me cansa. Prefiro relatar experiências próprias, ainda que em comodato, pois, para o bem ou para o mal, me serviram. Assim, merda aos olímpicos!, uma vez que nem só os atores têm essas prerrogativas.
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