Fui passar com Alice. Obviamente não comi o cogumelo, mas embriaguei-me com a bebida vermelha.
Conheci o país das maravilhas, ou voltei a ele, não sei bem. Neste enlevo entreguei-me ao cheiro há muito esquecido.
Por óbvio o Gato sempre esteve lá. Mas preferi não dar-lhe ouvidos. Deixei-me conduzir, mesmo que não saiba fazer isto sem a falsa impressão de eu mesmo estar dirigindo. Mas como se dirige um sonho?
Bebi do café do chapeleiro, pois chá é muito europeu para nosso país tropical. Fui apresentado a toda a corte. Encantei-me com suas figuras. O próprio Valete de Copas me levou às maiores aventuras de seu mundo.
Diverti-me. Passeei no bosque. Arrisquei-me com cachorros. Comi peixe cru e, alfim, vivi. Entreguei-me ao imediatismo próprio dos sonhos. Estranho como nosso corpo ganha vontade própria algumas vezes!
Assim, cometi o pecado mortal. O homem não pode querer o fogo dos deuses. Muitos já foram punidos. Pelo menos não tive meu fígado retirado do corpo. Simplesmente fui arrancado da cama.
O sonho desfez-se depois do último deleite. Acordei. Envergonhei-me. Mas evitei a fuga. Continuei socorrendo-me no Valete, mas a Rainha havia proferido a sentença.
Antes da guilhotina, perguntei ao Gato Lógico por uma saída. Seria a porta pequena ou a grande. Escolhi a mais próxima, a própria do Gato.
Fica o cheiro do café.
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